Postado em 27/08/2016
Rubens Amaral *
Remunerar por produção e não por resolução. Talvez assim caminhemos para um caos. Ou revertemos e vamos prestigiar quem resolve ou continuamos como as operadoras de saúde, cooperativas e seguradoras que remuneram a consulta, a cirurgia, o exame, o procedimento e ninguém se responsabiliza pelo resultado.
Desta forma, mais e mais consultas, exames e cirurgias e o sistema não vai mais se sustentar. Não tem sustentabilidade. Para que tal ocorra uma idéia seria a de remunerar pelos resultados, onde os bons profissionais teriam seu trabalho reconhecido pela resolutividade e, talvez, utopicamente, chegar a tal ponto que a melhor remuneração iria para aquele médico que atendesse menos, de alguma forma denotando que seus pacientes estariam mais bem controlados e saudáveis, por consequência, dependendo menos de exames e internações.
Parece que no Reino Unido, na Inglaterra isto já acontece há tempos. Há quem não acredite que podemos mudar, pois mudança que muda requer coragem e ousadia, lógico, respeitando a ética do exercício profissional. Michael Porter, famoso administrador de empresas e estrategista, socorrista internacional de empresas pré-falimentares,professor da Harvard Business School, em seu livro, Repensando a Saúde, faz algumas reflexões sobre os sistemas de saúde e seus modelos econômico-administrativos percebendo a ausência da valorização pelos bons resultados e resolutividade.
Os planos de saúde remuneram todos por igual valor, independentemente do tempo de formado, da experiência, dos títulos conquistados e, principalmente, dos resultados auferidos. Segundo Porter esse modus operandi talvez seja o maior estímulo ao desestímulo pela melhoria contínua, busca incessante em todos os outros segmentos do mercado. Entendo quão difícil para todos nós médicos será repensar a saúde e sua prática junto aos conselhos e instituições médicos sem, em momento algum, perdermos a essência de nossa missão que é curar sempre que possível, mas, ajudar em todas as circunstâncias. Coragem no primeiro momento e depois coletivamente, talvez aí sim, ousadia poderão reverter a insustentabilidade que se aproxima.
Vejam as notícias que nos chegam com planos de saúde fechando as portas e cooperativas médicas que devem mais de um bilhão ao governo federal. Ou mudamos ou morremos. Remunerar por resolutividade talvez aí esteja o medicamento que pode salvar nosso sistema de saúde que está muito doente.
Agora é com você. Transforme o conhecimento em comportamento.
* Rubens Amaral é médico e gentecista
TEXTO PUBLICADO NO BOQNEWS DE 27/08/2016
Tags: Planos, de, Saúde;, Atendimento, Médico,
Categoria: Atividade Física, Comportamento, Emagrecimento, Esportes, Família, Gentecista, Medicina,
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